O bruxismo é descrito como um movimento orofacial, denominado parafunção, cuja etiologia é complexa e multifatorial. O presente estudo teve como objetivo, facilitar o entendimento das possíveis causas dessa desordem e sua relação com o Sistema Nervoso Central, através de uma revisão de literatura. Alguns autores 4,23,19 afirmam a hipótese de o bruxismo ser mediado centralmente, tornando o estresse emocional e a ansiedade, fatores importantes para seu desencadeamento. Como auxílio diagnóstico, a polissonografia (PSG) é uma importante ferramenta, porém devido ao custo ainda oneroso, poucos estudos foram encontrados correlacionando a PSG e o bruxismo, sendo de grande importância que mais pesquisas sejam realizadas sobre o assunto.
A atividade parafuncional é um dos fatores principais associados à DTM. As atividades da musculatura mastigatória podem ser divididas em dois tipos básicos: funcional que inclui mastigar, falar e deglutir e parafuncional (não funcional), que inclui apertar ou ranger os dentes (bruxismo) e vários outros hábitos orais. Os danos causados aos portadores de hábitos parafuncionais motivam estudos que buscam desenvolver terapias mais eficazes para controle e tratamento das mesmas, sendo o bruxismo a parafunção mais pesquisada 7.
O bruxismo é descrito como um distúrbio de movimentos estereotipados, geralmente associado com microdespertares. Existe também o bruxismo da vigília. Os sons produzidos pela fricção dos dentes normalmente são percebidos pelo companheiro. Entre os efeitos indesejáveis resultantes desse distúrbio estão: desgaste dos dentes, hipersensibilidade dentária a estímulos térmicos, dor orofacial e cefaleia temporal 2,6.
A relação de substâncias neuroquímicas, chamadas catecolaminas, com o bruxismo, está em destaque atualmente, porém, ainda há poucos estudos descrevendo os detalhes desse assunto. A dopamina é uma dessas substâncias e corresponde a mais da metade do conteúdo de catecolaminas do SNC 23. Acredita-se que ela pode estar diretamente relacionada com a inibição de movimentos espontâneos e ter ligação com manifestações de estresse e ansiedade. Com isso, alterações de seus níveis podem ser responsáveis pelo desencadeamento de movimentos repetitivos coordenados, sugerindo o envolvimento do sistema dopaminérgico e da neurotransmissão central na etiologia do bruxismo 22,21,19,3,24,25.
Conclusão
Pesquisas sobre as catecolaminas evidenciaram uma ligação importante entre a quantidade de neurotransmissores e o bruxismo, confirmando a hipótese do estresse emocional estar envolvido na etiologia da referida parafunção.
Podemos concluir que a etiologia do bruxismo ainda é obscura e vários são os fatores que podem estar relacionados com o seu desencadeamento. Alguns estudos relatam que certas medicações podem aumentar os eventos de bruxismo, embora a evidência ainda seja fraca, outros sugerem que possa haver uma predisposição genética.
Pesquisas sobre a parafunção com o exame PSG e os neurotransmissores centrais são necessárias, para que a eficácia no manejo dos pacientes possa ser melhorada. E o tratamento dos problemas clínicos associados ao bruxismo deve ser avaliado por uma equipe multidisciplinar capacitada para tal finalidade.