Ansiedade e estresse
O estresse afeta diretamente a saúde. Um dos principais impactos é na saúde bucal, uma vez que o estresse e a ansiedade podem desencadear transtornos como o bruxismo, marcado por uma sobrecarga muscular. Dores intensas, dentes desgastados e até fraturas dentais são os sintomas mais comuns da condição.
“Um estudo publicado em 2022 no ‘Brazilian Journal of Pain’, relatou o impacto da covid-19 em aspectos psicológicos e bruxismo na população brasileira, tendo demonstrado que 71,41% dos entrevistados relataram estar apertando ou rangendo os dentes, e 100% estavam se sentindo nervosos ou estressados durante o período de afastamento social induzido pela pandemia”, destaca o cirurgião-dentista.
Para esses casos, o recomendado é o tratamento com uma equipe multidisciplinar, para que seja identificada e tratada também a causa do estresse, para que os sintomas desapareçam. Enquanto isso não acontece, o dentista pode indicar o uso da placa de proteção dental de uso noturno.
Transtornos alimentares
Transtornos como anorexia, bulimia e compulsão também podem afetar negativamente a saúde da boca. Nesse caso, a principal preocupação não são as cáries, mas a perda de tecido dental duro (esmalte, dentina ou cemento). Isso porque essas condições costumam ser acompanhadas de vômitos recorrentes, o que altera o pH (nível de acidez) da saliva.
“O pH bucal neste caso torna-se extremamente ácido (em torno 2,0) pela presença de ácidos biliares e HCO3, levando à biocorrosão dos tecidos duros dentais. Para minimizar os efeitos bucais deste tipo de quadro devemos levar em consideração que o pH bucal normal é neutro (entre 6,8 e 7,2) e, por este motivo, devem ser recomendados produtos de higiene oral com pH neutro ou básico, além de recomendar aos pacientes que evitem refrigerantes (alguns pacientes fazem uso de refrigerantes zero calorias para saciar parcialmente a fome sem ingerir calorias, mas se esquecem que são produtos muito ácidos (pH 2,5)), bebidas ou alimentos ácidos”, destaca o profissional.
Também nesses casos, o acompanhamento odontológico frequente será importante para diagnosticar possíveis lesões não cariosas ou doenças de tecidos moles em seu estado inicial e instituir cuidados individualizados. Mais uma vez, o ideal é que o tratamento seja multidisciplinar, para que o transtorno psicológico original também seja tratado.